CÂMBIO, DÉFICIT E INFLAÇÃO PIORAM CLIMA ECONÔMICO NA AMÉRICA LATINA, SECONDO FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

19 noviembre 2010

Fuente: Tomado de la Selección de Noticias del MRE de Brasil/O Globo

Rio de Janeiro, 19 de novembro- Os temores relacionados ao câmbio, ao déficit público e à inflação contribuíram para que o Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina caísse de 6 pontos em julho para 5,8 pontos em outubro.

A pesquisa, divulgada hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta uma piora generalizada nas expectativas para os próximos seis meses, enquanto a percepção da situação atual se manteve estável.

Para a economista Lia Valls, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), apesar da piora, o cenário permanece de otimismo, mas em acomodação. Os únicos países da América Latina em que o Índice de Expectativas (IE) subiu entre julho e outubro foram Venezuela, Equador e Bolívia. No geral, para a América Latina, o IE passou de 6,2 pontos em julho para 5,8 pontos em outubro.

"A economia mundial se recupera, mas a recuperação ainda é nebulosa", ressaltou Lia, justificando o recuo do ICE entre as medições de julho e outubro, período em que o Índice de Situação Atual (ISA) se manteve estável, com 5,8 pontos na América Latina. "Todos os países em que o ICE subiu em outubro têm índices muito baixos", acrescentou Lia, lembrando que, entre os cinco países em que houve avanço na América Latina em outubro, apenas o Chile tem ICE superior a 7 pontos.

No caso brasileiro, o ICE passou de 7,3 pontos em julho para 6,8 pontos em outubro, em decorrência tanto da queda tanto do IE quanto do ISA. As expectativas passaram de 6,1 pontos no país em julho para 5,7 pontos em outubro, enquanto o ISA recuou de 8,4 pontos para 7,9 pontos no período.

A abertura dos dados mostra que o câmbio surge como maior preocupação para os entrevistados na América Latina. A falta de competitividade dos produtos nacionais, que reflete a desvalorização do dólar, recebeu 9 pontos na América Latina, muito acima do desemprego, que, com 6 pontos, aparece como a segunda maior preocupação dos agentes econômicos pesquisados.

Outros temores importantes no continente são a falta de mão de obra qualificada assim como a falta de confiança nas políticas do governo. Já a inflação e a escassez de capital registraram 2 pontos no ranking de principais preocupações dos entrevistados.

No caso brasileiro, a falta de competitividade reduziu sua pontuação no ranking, passando de 6,5 pontos em abril para 6,3 pontos em outubro, mas mesmo assim continuou como o principal temor dos entrevistados. A seguir, veio a falta de mão de obra qualificada, com 6,3 pontos em abril e 5,7 pontos em outubro; acompanhada das barreiras comerciais para as exportações, com 5 pontos em abril e 5,3 pontos em outubro.

Também apareceram como temores importantes o déficit público, com 5 pontos em abril e 4,9 em outubro, enquanto a inflação, que não havia aparecido em abril, registrou 5,6 pontos em outubro.

"Alguns veem a situação como positiva, mas outros acreditam que o crescimento do déficit público pode ser um problema", ponderou Lia.

Questionada sobre o efeito que o fracasso da reunião do G-20 pode trazer para a próxima divulgação, Lia lembrou que não havia grandes expectativas de que o problema global da desvalorização do dólar encontrasse uma solução na reunião.