EPICENTRO DA CRISE É A EUROPA AGORA, DIZ FMI

09 diciembre 2010

Fuente: Tomado de la Selección de Noticias del MRE de Brasil/O Estado de Sao Paulo

Ginebra, 9 de dezembro- A "velha senhora" se transforma no "epicentro" hoje da crise no planeta. O alerta é do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que ontem admitiu que apesar dos pacotes para Grécia e Irlanda e dos inúmeros pacotes de austeridade, "o futuro da Europa é mais incerto do que nunca".

Strauss-Kahn ainda soou outro sinal de alarme: se os países não abandonarem suas posições nacionalistas e voltarem a cooperar, o risco é real de que o G-20 se transforme em uma "instituição irrelevante" em 2011. Para ele, está na hora de os governos tomarem decisões difíceis: ou optam por acelerar as reformas internas e do sistema internacional, ou devem estar preparados para uma nova crise.

Falando ontem em Genebra, o francês não deixou dúvidas de que, para o FMI, a crise não acabou, mas que o epicentro mudou de lugar e há meses já não está nos Estados Unidos. "É a Europa hoje que não consegue sair da crise. A situação na Europa continua preocupante e o futuro é mais incerto do que nunca", afirmou. "Não acredito que o euro esteja ameaçado. Mas se a Europa não se arrumar logo, terá períodos longos de um crescimento pequeno e difícil", afirmou o francês, cotado para a presidência francesa em 2012.

Para Strauss Kahn, as consequências da crise estão "longe de acabar" na Europa. "Na Ásia, grande parte dos países já saíram da crise. Na América Latina, para a surpresa de muitos, a crise já passou. O Brasil está crescendo e outros, como o Peru, também a taxas de 5%, 6% e 7%", afirmou. "O problema está com os países europeus, ainda em grandes dificuldades", disse, apontando para os déficits orçamentários e a crise nos bancos como os principais problemas.

Unidade. Para ele, a solução passa pela adoção de uma política monetária única na região. "Temos uma moeda única, mas não uma política unica", disse. "A Irlanda mostrou que estamos longe de uma solução”.

Strauss-Kahn ainda alerta para os impactos sociais e políticos da crise. "Hoje, como nos anos 30, um ataque contra o equilíbrio social coloca em xeque a democracia, questiona instituições e ameaça se transformar em conflitos", apontou.

"A escolha é clara. No momento em que não sabemos o que será feito do futuro e que os desequilíbrios orçamentários ameaçam todo o mundo, a comunidade internacional tem de escolher: ou busca um novo modelo de crescimento ou opta pelo imobilismo, com soluções nacionais e, no fim das contas, a recriação da instabilidade e de uma nova crise", apontou.

G-20. Um novo modelo de crescimento, para Strauss-Kahn, passará por uma revisão da posição dos governos. "Esse será nosso trabalho em 2011", alertou. "Evitamos a segunda depressão porque trabalhamos juntos. Mas com o afastamento do risco, o temor é de que políticos voltem a adotar posições nacionalistas e que a tentação de focar mais em problemas domésticos ganhe atenção", disse. "Não estamos promovendo as reformas na velocidade suficiente e, como resultado, há o grave risco de que o G-20 se torne em uma instituição irrelevante”.

Strauss-Kahn admitiu que a crise acelerou de forma dramática a "nova ordem mundial". "O crescimento dos países emergentes redefiniu o equilíbrio de poder no mundo. A velha ordem acabou”.