A CARA DO MERCOSUL (ANÁLISIS)

04 enero 2011

Fuente: Tomado de la Selección de Noticias del MRE de Brasil/Zero Hora

Brasilia, 4 de janeiro- Para quem esperava uma inflexão radical pró-Estados Unidos na política externa do governo Dilma Rousseff, pode esquecer. O abraço afetuoso de Dilma na secretária de Estado Hillary Clinton na posse e a nomeação do chanceler Antonio Patriota, ex-embaixador em Washington e fã de Radiohead e Cole Porter, são sinais positivos de novos ventos no Itamaraty. Mas não é nenhum minuano.

A política Sul-Sul voltada para as chamadas “potências emergentes”, tendo como pano de fundo o impacto da integração sul-americana, mantém o respaldo com Dilma. Uma prova está na permanência de Marco Aurélio Garcia como grilo falante para assuntos internacionais e a nomeação de Samuel Pinheiro Guimarães para um cargo no Mercosul. O principal ideólogo do itamaraty na Era Lula será uma espécie de porta-voz do bloco, uma costura feita pela própria Dilma para acomodar o diplomata em um emprego. Em princípio, falará em nome de todos, o que por si só é um risco, por conta de sua polêmica verborragia.

Quem chancelou a indicação foi ninguém menos que Hugo Chávez, da Venezuela, que pleiteia ingresso no bloco. Pouco afeito a respeitar instituições democráticas, Chávez encontrou em Garcia e Guimarães o apoio necessário do Brasil para suas diatribes. O venezuelano é amigo de ambos e leitor voraz das obras de Guimarães, entre elas Adeus Periferia e Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes. Resta saber se Chávez vai aceitar o papel de coadjuvante no combalido bloco, na medida em que suas ideias estão personificadas em Guimarães.

Antiamericano até a raiz do cabelo, o diplomata teve sua fúria exposta ainda mais com a inconfidência de Nelson Jobim ao então embaixador americano no Brasil, Christopher Sobel, divulgada pelo Wikileaks. O Mercosul em 2011 já tem uma nova cara. E não é nada simpática.