FED TEM DÚVIDAS SOBRE RECUPERAÇÃO DOS EUA

05 enero 2011

Fuente: Tomado de la Selección de Noticias del MRE de Brasil/O Estado de Sao Paulo

Washington, 5 de janeiro- O Federal Reserve (Fed, o banco central americano), presidido por Ben Bernanke, considerou em dezembro que a recuperação econômica dos Estados Unidos ainda não está forte o bastante para permitir ajustes monetários, apesar dos sinais de força, constata a ata do último encontro do órgão, divulgada ontem.

Os economistas de Wall Street vêm revisando nas últimas semanas para cima suas previsões para o crescimento econômico dos Estados Unidos, na esteira de sinais indicando que a atividade empresarial e os gastos dos consumidores estão avançando.

Mas as autoridades de política monetária do Fed, que na reunião de 14 de dezembro não fizeram mudança alguma no programa de compra de ativos no valor de US$ 600 bilhões anunciado em novembro, mostraram-se bem menos otimistas.

A ata não sugeriu que o banco central americano está contando com um impulso de crescimento no curto prazo oriundo do recente acordo tributário entre o presidente Barack Obama e os deputados republicanos do Congresso.

Contudo, o documento do encontro apontou que os formuladores de política monetária ainda estão preocupados com os riscos de crescimento, incluindo um fraco número de contratações de trabalhadores e um combalido setor imobiliário, que tem flertado com uma nova recessão.

"Mesmo com as notícias positivas recebidas no período intermediário, a consequência mais provável é uma gradual recuperação no crescimento com lento progresso rumo ao máximo emprego", afirma a ata.

"A recuperação (continua) sujeita a alguns riscos de baixa", acrescenta o documento, citando os problemas no segmento imobiliário e no mercado de dívida na Europa como potenciais fontes de receio.

Solavancos. A economia americana -que emergiu em meados de 2009 da mais profunda recessão em gerações- tem se expandido aos solavancos desde então. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a uma taxa anualizada de 2,6% no terceiro trimestre, ritmo ainda visto como muito lento para reduzir a taxa de desemprego do país, atualmente em 9,8%.

O tom um tanto "dovish" (com menor temor inflacionário) da ata sugeriu que aqueles que estão achando que o banco central americano pode reduzir seu controverso plano de compra de títulos -conhecido no mercado como a segunda rodada do "afrouxamento quantitativo"- podem estar se adiantando a si mesmos.

Algumas autoridades do Fed indicaram um limiar "razoavelmente elevado" para reconsiderar as compras no valor de US$ 600 bilhões e, alguns deles, notaram que mais tempo é necessário antes de qualquer reavaliação.

"Os membros de maneira geral sentiram que a mudança nas perspectivas não foi suficiente para assegurar qualquer ajuste no programa de compra de ativos", diz a ata.

De modo geral, os participantes do encontro consideraram que a inflação permanecerá "por algum tempo" abaixo dos níveis consistentes com o mandato do Fed.