PREÇOS MUNDIAIS DOS ALIMENTOS MAIS CAROS DO QUE NUNCA

05 enero 2011

Fuente: Publicado por JornaldeNegocios.pt, Portugal

Roma, 5 de janeiro- Os preços dos alimentos a nível mundial atingiram um recorde em Dezembro, devido ao aumento dos custos do açúcar e da carne, excedendo assim os níveis de 2008, segundo as Nações Unidas.

O índice de 55 matérias-primas alimentares, da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) da ONU, subiu pelo sexto mês consecutivo, para 214,7 pontos, acima do anterior máximo histórico de 213,5 pontos atingido em Junho de 2008, de acordo com um relatório mensal divulgado hoje e citado pela Bloomberg. Os barómetros para os preços do açúcar e da carne avançaram para recordes.

O açúcar valorizou pelo terceiro ano consecutivo em 2010 e o milho registou a maior subida de quatro anos em Chicago. Os preços dos Alimentos poderão encarecer ainda mais, a menos que a produção mundial de cereais aumente “significativamente” em 2011, referiu recentemente a FAO.

No ano passado, pelo menos 13 pessoas morreram em Moçambique durante os protestos contra os previstos aumentos do preço do pão e da água. O ano de 2008 assistiu a uma crise alimentar, que levou à escassez de muitos produtos e a níveis recordes de preço -a reboque dos máximos históricos do petróleo (utilizado para a maquinaria agrícola e transportes)- e a protestos com muitas vítimas mortais um pouco por todo o mundo, do Haiti ao Egipto. Termos como “motins da tortilha” e “pasta strike” foram escolhidos para marcar os protestos no México e em Itália.

“Continua a existir, infelizmente, potencial para os preços dos cereais continuarem a subir, num contexto de grandes incertezas”, comentou à Bloomberg um economista da FAO, Abdolreza Abbassian. “Se alguma coisa correr mal com as colheitas da América do Sul, haverá muita margem para os preços dispararem”, acrescentou.

O indicador da FAO relativo aos preços dos alimentos estava nos 206 pontos em Novembro passado. O seu barómetro para os preços do açúcar atingiu os 398,4 pontos em Dezembro, contra 373,4 no mês precedente. Quanto ao índice para o preço da carne, subiu de 141,5 para 142,2 pontos.

O índice para o preço dos cereais disparou para 237,6 pontos no último mês de 2010, o nível mais alto desde Agosto de 2008, contra 223,3 em Novembro. O indicador para os óleos de cozinha avançou de 243,3 para 263 pontos, naquele que foi o valor mais elevado desde Julho de 2008. No que diz respeito ao índice para os preços dos produtos lácteos, aumentou de 207,8 para 208,4 pontos.

Produção de cereais tem de aumentar

A produção mundial de cereais terá de aumentar pelo menos 2% este ano para atender à procura em 2011-2012 e evitar uma diminuição ainda maior dos “stocks”, salientou a agência, citada pela Bloomberg. Os receios em torno dos efeitos do tempo seco sobre as colheitas na Argentina contribuíram para que os preços do milho subissem 52% no ano passado no mercado de Chicago.

A base para o índice da FAO é 2002-04. O barómetro inclui “commodities” que a organização considera representativas para os preços internacionais dos alimentos.

No mês passado, um especialista da FAO, Olivier de Schutter, comentou ao “The Guardian” que a redução dos terrenos aráveis na China está a tornar mais difícil manter a produção agrícola.

“A capacidade de a China alimentar um quinto da população mundial será mais difícil devido à degradação das terras, à urbanização e à excessiva dependência dos combustíveis fósseis e fertilizantes”, advertiu Olivier de Schutter ao jornal britânico.

Em 2008, um dos motivos apontados para a subida do preço do arroz era o desaparecimento dos campos orizícolas, que estavam a ser transformados em terrenos para a construção de apartamentos, fábricas e estradas.