CRISE POLÍTICA NO EGITO EMPURRA PREÇO DO PETRÓLEO PARA MAIS DE US$101

01 febrero 2011

Fuente: Tomado de la Selección de Noticias del MRE de Brasil/O Globo

Nova York, 1 de fevereiro- O preço do petróleo negociado na Bolsa eletrônica ICE, referência de Londres, saltou ontem acima dos US$101 o barril pela primeira vez desde 2008, pressionado pelos temores do mercado de que a revolta no Egito se espalhe para o Oriente Médio ou afete as exportações de petróleo que saem pelo Canal de Suez. O presidente egípcio, Hosni Mubarak, trocou seu governo para tentar esfriar os ânimos, mas os manifestantes rejeitaram as mudanças e exigem sua renúncia.

Operadores e analistas apontaram ainda os recentes dados econômicos positivos nos EUA e o rigoroso inverno no Hemisfério Norte, reforçando as preocupações quanto a um forte aumento da demanda por petróleo. A alta dos preços do barril, numa conjuntura de recuperação econômica dos países ricos e de forte crescimento dos emergentes, também alimenta preocupações quanto a pressões inflacionárias, o que poderá afetar a própria recuperação. Em Wall Street, os balanços de empresas anularam o efeito negativo do petróleo. O Dow Jones avançou 0,58%, o Nasdaq, 0,49%, e o S&P 500, 0,77%.

Em Londres, o barril do petróleo do tipo Brent para entrega em março subiu 1,6%, para US$101,01. Na máxima do dia, alcançou US$101,73, o maior patamar desde os US$103,29 de 29 de setembro de 2008. Desde o início do conflito no Egito, o preço do Brent saltou 6,8%. Em Nova York, o preço do petróleo do tipo leve avançou 3,19%, para US$92,19 o barril, depois de alcançar US$92,84 na máxima do dia. Ambas as cotações foram as maiores desde outubro de 2008.

- O momento é de alta. Operadores estão comprando com medo de que as coisas possam chegar no Oriente Médio e se espalhar para outros países - disse Tom Bentz, operador do BNP Paribas Commodity Futures, em Nova York.

Opep diz que elevará produção se houver corte.

Os preços do petróleo oscilaram nervosamente no início da sessão de ontem, com os operadores reavaliando a alta da sexta-feira, já que o temor de que a revolta no Egito contagiasse a região não se materializou no fim de semana. O preço-referência do óleo leve americano reduziu sua diferença para o Brent para menos de US$9 o barril. Semana passada, ela superou US$12.

A queda da produção no Mar do Norte e os altos estoques do óleo leve nos EUA são fatores apontados pelos analistas como responsáveis pela diferença de cotação entre os dois preços referenciais.

O Egito não é um grande exportador de petróleo, mas as manifestações por mudanças políticas ocorrem duas semanas depois que o presidente da Tunísia foi derrubado. Investidores temem que os vizinhos, fortes produtores de petróleo, enfrentem protestos semelhantes. Petrolíferas estrangeiras, como BP e Statoil, já suspenderam as atividades de exploração no Egito, segundo a agência Bloomberg.

O Egito controla o Canal de Suez e o oleoduto Suez-Mediterrâneo (Sumed). Ambos movimentaram mais de dois milhões de barris de petróleo por dia (bpd) em 2009. Até o momento, os embarques estão normais ao longo do canal, que tem 192 quilômetros de extensão.

O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdullah al-Badri, disse que o cartel vai elevar a produção de petróleo caso ocorra uma escassez. Ele, no entanto, não espera que a revolta no Egito afete o Canal de Suez ou o fluxo de petróleo no oleoduto Sumed. Os ministros de Petróleo da Opep vão debater o volume de produção numa reunião paralela durante uma conferência do grupo na Arábia Saudita, no próximo dia 22, disse um delegado à agência de notícias Reuters. O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, disse que a alta do petróleo tem mais a ver com o valor do dólar.