BERNANKE NÃO PREVÊ AUMENTO PERMANENTE DA INFLAÇÃO

Washington, 3 de março- O presidente do banco central norte-americano reiterou também, perante o Congresso, a política de juros baixos levada a cabo pela Fed.

O presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, afirmou hoje que a subida dos preços do petróleo e de outras matérias-primas levará a um aumento temporário da inflação, mas não deverá provocar um aumento permanente da mesma.

Bernanke reiterou também, no seu testemunho preparatório sobre política monetária a apresentar amanhã perante o comité de banca do Senado, que as taxas de juro deverão manter-se em níveis baixos.

O historial de subida dos preços das "commodities" nas últimas décadas, de par com os actuais custos laborais estáveis, sugere "um aumento temporário e relativamente modesto do índice de preços no consumidor, nos Estados Unidos", declarou Bernanke, citado pela Bloomberg.

O presidente da Fed, que hoje está no Congresso, reafirmou que o banco central norte-americano espera assistir a um "período sustentado de maior criação de empregos" num contexto de aceleração do crescimento que se prevê para este ano.

Estas declarações apontam para que a Fed mantenha o plano de concluir a compra de 600 mil milhões de Obrigações do Tesouro (OT), até Junho, com o intuito de reduzir uma taxa de desemprego que insiste em manter-se nos 9% ou acima desse patamar há já quase dois anos.

Bernanke -que entrou agora no seu sexto ano à frente da Reserva Federal norte-americana- não disse qual será o passo seguinte da Fed, depois de terminado este programa de compra de OT, no âmbito dos estímulos monetários recorde concedidos pelo governo e que tanto têm sido criticados pelos Republicanos.

Apesar de Bernanke estar optimista em relação à inflação de mais longo prazo, o responsável declarou que "os aumentos sustentados do preço do petróleo e de outras matérias-primas poderão constituir uma ameaça para o crescimento económico e para a estabilidade geral dos preços, particularmente se isso fizer com que as expectativas face à inflação tenham menos alicerces".

"Continuaremos a monitorizar de perto estes desenvolvimentos e estamos preparados para responder na medida do necessário, de modo a sustentar a retoma num contexto de estabilidade dos preços", acrescentou o presidente da Reserva Federal, citado pela Bloomberg.

Recorde-se que, em Dezembro de 2008, a Fed reduziu a sua taxa de desconto, que cobra sobre os empréstimos directos aos bancos comerciais, para 0,5%. Na mesma altura, a taxa directora, que os bancos usam para empréstimos “overnight” entre si, foi cortada para um intervalo entre 0% e 0,25%. Desde essa data que ambas as taxas se mantêm inalteradas.

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