OBAMA TENTARÁ RECUPERAR INFLUÊNCIA DOS EUA NA AMÉRICA LATINA

16 marzo 2011

Fuente: Publicado por la Agencia AFP, vía Google Brasil Noticias

Washington, 16 de março (AFP)- O presidente Barack Obama tentará recuperar a influência americana na América Latina em sua primeira viagem regional de cinco dias por Brasil, Chile e El Salvador, um giro cheio de simbolismo político e com pouca essência, segundo analistas.

Obama, em seu segundo ano na presidência, encontrará uma América Latina com várias democracias sólidas, que pôde enfrentar a crise econômica mundial e com crescentes ligações comerciais com países como China e Índia, que tiraram os Estados Unidos de áreas onde antes dominavam.

"Há um reconhecimento de que os Estados Unidos já não têm a influência que tiveram", afirmou Michael Shifter, presidente do centro de análise Diálogo Interamericano, durante um debate.

"A pergunta com essa viagem é se os Estados Unidos serão capazes de superar os temas que os impediram de ser a peça mais importante do jogo, sobretudo na América do Sul", estimou.

Obama partirá na sexta-feira na viagem que o levará a Brasília, Rio de Janeiro, Santiago e San Salvador, quando ainda goza de alta popularidade na América Latina, e quase dois anos depois de uma primeira viagem ao México e a Trinidad e Tobago, durante a Cúpula das Américas.

Um dos problemas que Obama tem nas mãos é o fato de que em vários dos temas mais importantes para a região, como migração, luta antidrogas e comércio, não tem mais coisas a mostrar.

"Os Estados Unidos não estão em posição de oferecer grandes projetos de cooperação com a região", informou Kevin Casas-Zamora, analista do Brookings Institute.

A viagem terá "muito simbolismo político e escassa essência", afirmou.

Obama teve ultimamente uma agenda cheia, internamente com a progressiva hostilidade da oposição republicana, e externamente com as rebeliões no norte da África e Oriente Médio, e o terremoto no Japão, tanto que a Casa Branca teve de confirmar a viagem nesta terça-feira.

Não é surpresa então que "nos últimos dois anos, a agenda americana para a América Latina teve um certo abrandamento", disse Casas-Zamora.

A etapa mais importante da viagem é o Brasil, onde "buscará acabar com as múltiplas tensões surgidas nas relações" com um país que adquiriu relevância mundial, estimou Peter Hakim, presidente emérito do Diálogo Interamericano.

Obama teve divergências com o Brasil sobretudo no tema nuclear iraniano, apesar de também ter se chocado com o país pela política em relação a Cuba e no golpe de Estado em Honduras, mas a presidente Dilma Rousseff, mais pragmática que seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, está abrindo uma oportunidade de aproximação, segundo os analistas.

"O Brasil já não é um país emergente. Já emergiu, e os Estados Unidos e o Brasil devem aprender a se tratar em um nível diferente", disse Paulo Sotero, diretor do Instituto Brasil do centro Woodrow Wilson.

Obama também prevê fazer um discurso em Santiago para assentar as bases das novas relações com o continente. Mas os países latino-americanos estarão mais atentos ao que ele vai dizer no Brasil, porque será o termômetro que mostrará se as políticas para a região "mudaram ou não", disse Hakim.

O presidente americano fará escala no Chile para destacar os progressos políticos, econômicos e sociais chilenos como um exemplo na região, indicaram os analistas.

E sua escala em El Salvador será dominada pela batalha contra o crime organizado e o narcotráfico.

As restrições orçamentárias americanas lhe impedirão de comprometer mais recursos para a região, mas certamente oferecerá uma "maior coordenação regional (...) que inclui Colômbia e México como atores cruciais" na luta antidrogas, disse Casa-Zamora.

Além disso, nesta viagem se beneficiará da fragilidade da campanha anti-americana do governo venezuelano de Hugo Chávez e seus aliados, opinou Hakim.

Obama evitará referir-se a Cuba e Venezuela e outros países antagonistas e focará em países com projetos exitosos, concluiu Shifter.