FMI: ECONOMIAS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE DEVERIAM TIRAR PARTIDO DA CONJUNTURA FAVORÁVEL PARA IMPULSIONAR O CRESCIMENTO
07 mayo 2013
Fuente: Pegado da Web do FMI
Fuente: Pegado da Web do FMI
Washington, 7 de maio- O Fundo Monetário Internacional (FMI) instou os países da América Latina e do Caribe a tirar partido da conjuntura externa ainda favorável para assentar as bases para o crescimento sustentado por meio do fortalecimento dos mecanismos de proteção.
Segundo a mais recente edição do Regional Economic Outlook for the Western Hemisphere, o relatório do FMI sobre as perspectivas econômicas da região, o crescimento econômico na América Latina e no Caribe deve recuperar-se, chegando a 3,5% em 2013, após registrar 3% em 2012, graças ao aumento da demanda externa e aos efeitos do relaxamento da política anterior em alguns dos principais países da região. Com vistas ao futuro, a combinação de condições de financiamento relativamente fáceis e a forte demanda por commodities deve apoiar esse ímpeto, com a previsão de crescimento em 2014 chegando a cerca de 4%.
Mas há nuvens no horizonte, diz o relatório, reiterando o seu alerta de que uma reversão dos ventos a favor constitui um risco. Em especial, os riscos no médio prazo giram em torno de condições mundiais de financiamento mais rigorosas e da possibilidade de uma forte desaceleração nos países emergentes da Ásia, com efeitos indiretos sobre os preços das commodities. Além disso, o risco de uma deterioração dos balanços dos setores externo e financeiro agora é maior, segundo o relatório do FMI.
“A nossa recomendação não é muito diferente da que fizemos há um ano”, frisou Alejandro Werner, Diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, durante o lançamento do relatório em Montevidéu, no dia de hoje. “A conjuntura ainda é bastante favorável, mas não vai durar para sempre. Estamos observando uma moderação dos preços das commodities que pode vir a se intensificar, e as taxas de juros acabarão subindo à medida que a situação nas economias avançadas melhore. O desafio para muitos países da região é tirar partido desse cenário para restabelecer as proteções e assentar as bases para buscar um crescimento mais vigoroso e mais inclusivo”, completou o Diretor.
Diferentes prioridades nas Américas
Para as economias financeiramente integradas da América Latina (Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai), que devem crescer 4,3% em 2013, as prioridades devem ser o fortalecimento das finanças públicas e da estabilidade do setor financeiro. É importante que esses países definam as suas políticas macroeconômicas com base em uma avaliação realista do potencial de oferta das economias, diz o relatório. Isso abrange uma orientação mais prudente da política fiscal para aliviar as pressões sobre a capacidade e frear o aumento dos déficits em conta corrente, mas sem prejudicar a flexibilidade das taxas de câmbio para, assim, desestimular os fluxos de capital especulativo.
As nações menos integradas e exportadoras de commodities (Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela) se beneficiariam se poupassem uma parcela maior das receitas das commodities, segundo o relatório. Os gastos públicos primários aumentaram, em média, 10 pontos percentuais do PIB desde 2005. Como esses países são altamente vulneráveis a choques nas relações de troca, será preciso conter os gastos para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas.
Já no caso dos países da América Central, que estão operando próximo do seu potencial e, em sua maior parte, apresentam relações dívida/PIB acima dos níveis anteriores à crise, o relatório recomenda uma pronta consolidação das posições fiscais e, em alguns países, o aumento da flexibilidade das taxas de câmbio para ajudar a amortecer choques externos. Por último, muitos países do Caribe enfrentam uma situação difícil, na medida em que dívidas elevadas e a baixa competitividade continuam a restringir o crescimento. Os principais desafios para esses países são praticamente os mesmos: reduzir o elevado endividamento público, controlar os desequilíbrios externos e reduzir as vulnerabilidades do setor financeiro, destaca o relatório.
O potencial de crescimento da região e a renda extraordinária das commodities
O relatório também apresenta breves notas analíticas sobre o potencial de crescimento da região e a renda extraordinária associada ao boom das commodities. No tocante ao primeiro tema, o relatório aponta que o forte impulso de crescimento da última década provavelmente não se sustentará, a menos que o crescimento da produtividade acelere consideravelmente. Nesse contexto, a região deve priorizar as reformas estruturais, como a melhoria do ambiente de negócios, o aumento da concorrência e o investimento em capital humano.
O estudo constata que a renda extraordinária decorrente da melhoria acentuada das relações de troca no período recente não encontra precedente. Contudo, a parcela dessa renda que foi poupada é menor do que em episódios anteriores.